29 de dez. de 2010

Mais que amigos - cap III

      Existe dia pior que Segunda-feira? Definitivamente não!
Eu podia fingir que estava passando mal, podia mentir dizendo que era conselho de classe e não teria aula. Podia fingir que estava indo e desviar do caminho, mas pra onde eu iria? E seja lá qualquer coisa que eu fosse fazer nessa manhã, eu ainda pensaria nele – e na vaca da namoradinha dele.
-Oh meu Deus! – eu o reflexo no espelho, eu parecia a noiva cadáver. Não, não parecia, porque até ela conseguia ser mais bonita do que eu nesse momento.
Totalmente sem ânimo pra me arrumar. Essa é a única hora onde agradeço por ainda existirem uniformes. Seria, simples e prático como um rabo-de-cavalo.

-Bom dia querida! – disse a minha mãe com um sorriso enorme no rosto. A única coisa que consegui pensar foi: Quero voltar pra cama!
-Oi mãe – foi o que consegui responder.
-Quando você quiser conversar sobre o que te deixou trancada no quarto o final de semana inteiro, eu estarei aqui.
-Ok, mãe – eu não queria falar sobre o que aconteceu com ninguém, muito menos com a minha mãe. Por mais que eu soubesse que ela só queria ajudar. Não queria ouvir dela “tudo vai ficar bem querida”. Tava cansada de todo mundo dizendo que ficaria bem. Ei, alow! Cadê meu final feliz? Ei senhora dos contos de fadas, esqueceu da garota aqui?!
-Se quiser carona ande logo, estou atrasado – era o meu pai, atrasado como sempre.
-Já terminei.
-Não querida, você não comeu nada. Ah Gustavo, ta vendo, agora ela não vai comer mais, quer que ela passe mal no colégio? – minha mãe zangou com ele, na verdade ele estava me fazendo um favor, porque eu não queria comer, eu só queria dormir. Então eles começaram a discutir, era melhor eu escovar os dentes e deixar eles discutindo.
O meu dia já tinha começado ruim com meus pais discutindo, mas como sempre as coisas podem ficar pior – oh não! Tão cedo não!
-Marina! – era o Davi, e pra piorar ele estava vindo com a namorada dele na minha direção.
-Ei – disse eu.
-Deixa eu te apresentar oficialmente a minha namorada, Marina essa é a Camila. Camila essa é a minha melhor amiga Marina. – ele estava com um sorriso enorme no rosto, isso me fez querer vomitar.
-Oi Marina, prazer em te conhecer – disse a Camila, e ainda meu deu 2 beijinhos de cumprimento.
-Eu preciso ir, vejo vocês depois – e saí como um furacão.
Fui correndo para o banheiro, mas não tinha um livre, todos ocupados; maldito azar! Então corri para o vestiário e comecei a chorar. Mais? É! Mais. Imaginar a felicidade dos dois durante o final de semana não se comparava a ver a felicidade deles. Eu não estava aguentando, precisava chorar.
-Oi, você está bem? – perguntou o garoto.
-Quê?! – perguntei. Eu me virei pra olhar. Ah não! Era o Matheus – o garoto mais bonito do colégio.
-Eu tava na quadra e vi você correndo e chorando, vim saber se ta tudo bem – perguntou meio sem jeito. Nossa! Aqueles olhos verdes eram muito mais bonitos quando se olhava de perto.
-Eu estou bem, só preciso ficar sozinha – peraí, o garoto mais bonito do colégio tava preocupado comigo e eu mandando ele ir embora? Como eu sou burra.
-Ok, você quem sabe – e foi embora.

(continua)
24 de dez. de 2010

Mais que Amigos - cap II


     No capítulo anterior:
- Então, senti que era hora de dizer isso a você. Afinal, não fazia sentido eu esconder tudo o que eu sinto de você.
- Hum, mistério! Vamos, diga. – e sorri, não agüentava mais de ansiedade.
- Estou apaixonado, Marina. – e os olhos dele brilharam, e os meus também.

     No capítulo II:

- É mesmo?! – fingi surpresa, mas o sorriso enorme apareceu logo depois no meu rosto. Eu estava feliz! E tinha motivos de sobra pra isso, afinal o meu melhor amigo, que eu amava secretamente desde os 10 anos de idade, finalmente ia se declarar.
- É. Me desculpa não ter te dito isso antes, por favor não fique brava comigo. – ele disse meio sem graça, como se tivesse feito algo errado.
- Que isso Davi, imagina se eu ia brigar com você por isso. Eu entendo que só agora você achou que era o momento de me dizer isso.
- Nossa Marina, eu sabia que você ia entender. Eu disse pra Camila que nós podíamos contar pra você, você ia compreender. Você é a minha melhor amiga, eu queria ter te contado antes.
- Camila? A Camila sabia que você está apaixonado?! – eu estava começando a ficar confusa – Como ela sabia?
- Sim, eu e a Camila estamos namorando. Eu tô gostando muito dela...
PARA O MUNDO QUE EU VOU DESCER! Hã? Como assim? Eu tava mais perdida do que tudo. Ele continuava falando e eu nem conseguia mais escutar. Estava ocupada processando a idéia. As minhas mãos estavam suando frio, uma sensação horrorosa tomou conta do meu corpo, parecia que alguém estava espremendo o meu estômago, uma dor forte no peito, comecei a sentir falta de ar.
-Marina? Marina? – ele tocou o meu ombro, me chamando.
- O quê?
- É, eu sei que você está confusa e pelo visto surpresa, você nem piscou – ele riu.
Ele achava engraçada a minha reação?! Queria ver ele sentir o mesmo que eu, pra ver se ele ia achar graça.
- Como você e a Camila estão namorando? Você nem me disse que estavam ficando. – eu parecia confusa, mas no fundo eu estava indignada. A Camila era a puta da escola, ficou com pelo menos metade da minha turma, como ele podia gostar dela? Ah, claro que ele podia. Ela era morena, tinha seios grandes, bunda empinada, ía na academia todos os dias, cabelos lisos. Homens! Se deixam seduzir por qualquer par de seios que dançam pra eles.
- É, incrível né?! Quem ia imagina que ela me dava maior mole?
Eu conseguia imagina muito bem ela dando mole pra escola inteira. Na verdade, eu nem precisava imagina, porque ela realmente fazia isso.
- Pois é né?! Como isso começou? – ai, pra que eu queria saber? Eu devia levantar e ir embora, nunca mais olhar na cara do Davi.
- Foi no futsal. Ela começou a ir nos treinos, nos jogos. A gente foi conversando, se conhecendo, até que num jogo a galera botou a maior pilha e eu pedi pra ficar com ela e ela aceitou. – ele contou com o maior sorriso do mundo.
Eu me senti péssima, por quê eu não fui mais vezes aos jogos, por quê eu nunca fui ao treinos?
- Ah, quem ia imaginar né? – eu disfarcei. Na verdade eu estava louca pra ir embora correndo dali chorar.
- Pois é! E ela é tão legal, você tem que conhecer ela melhor. Tenho certeza que vocês serão amigas e quem sabe quando você arrumar alguém nós poderemos fazer um programa de casais.
Eu precisava sair correndo dali e vomitar. Não conseguia acreditar nos planos dele. que idiota, não é possível que em todos esses anos ele nunca notou que eu gostava dele.
- Davi, eu preciso ir. A minha mãe quer que eu passe na casa da minha vó pra buscar a minha irmãzinha. – não podia ficar ali ouvindo ele falar da Camila. Eu precisava ir pra casa e chorar até meus olhos sumirem.
- Ah claro, quer companhia? – ele sorriu daquele jeito irresistível, mas dessa vez eu estava magoada demais, o suficiente pra resistir.
- Não precisa. Eu vou sozinha mesmo. Tchau.
- Tchau, te vejo segunda na aula.
Olhei ele uma última vez, e sorri, pena que ele não era capaz de perceber que aquele sorriso era de tristeza.
Fui para a praia, porque se fosse pra casa, a minha mãe ia me encher de perguntas e eu não estava afim de falar nada com ninguém. Queria ficar sozinha. Era fim de tarde, o céu estava num tom diferente, meio roxo e azul. Tirei o sapato, sentei na areia e comecei a chorar.

(continua)
23 de dez. de 2010

Mais que Amigos - cap. I



     A semana toda ele colocou frases poéticas no sub-nick do MSN. Ele me olhava com um ar apaixonado na escola. Parecia querer dizer algo, mas não dizia. Então ele me chamou pra ir ao shopping, meus olhos faiscaram de alegria – ele ia se declarar! Eu não podia estar mais feliz.
Eu estava diante o espelho, passando a 2 camada de rímel Bourjois enquanto imaginava as palavras dele. O que será que ele diria? “Estou apaixonado” “Você é muito especial e eu quero ficar com você” “Quer namorar comigo?” Eu não podia esperar a hora de vê-lo.
-Ai, droga! – borrei a boca enquanto passava batom pretty pink da Contém 1g e suspirava ao mesmo tempo; definitivamente era como seu eu não coubesse em mim de tanta expectativa.
Pra finalizar meu look perfeito só faltava calçar minhas sandálias favoritas do momento. Dei uma olhada no espelho maior, os olhos marcados pelo delineador e realçados pelo rímel brilhavam, nos lábios além do batom estava um sorriso que eu não conseguia esconder. O vestido anil curto e de alcinha parecia desenhado pra as minhas curvas e as sandálias rosa-choque da Arezzo davam um toque especial. No pescoço, o meu cordão de prata com pingente de pimenta – pra queimar toda a inveja – dizia a minha mãe.
Quando cheguei ao shopping, ele já estava no local combinado. Ele estava lindo, vestia uma camisa pólo verde, calça jeans, o tênis Adidas surrado – eu não podia negar, ele tinha estilo.
- Marina! – ele sorriu.
- Davi! – eu sorri, meio tímida.
Começamos a conversar casualmente, ele sabia muito bem como me distrair. Ele fazia uma piadinha, eu ria, ele ria. Os olhos dele também brilhavam, até que nossos olhares se cruzavam, ele suspirou, olhou pra frente e disse:
- Lembra que eu disse que eu tinha algo pra te dizer? – ele tinha um ar apaixonado na fala e no olhar.
- Ah sim, é mesmo. O que era? – eu fingi casualidade, não queria que ele percebesse toda a minha expectativa.
- Então, senti que era hora de dizer isso a você. Afinal, não fazia sentido eu esconder tudo o que eu sinto de você.
- Hum, mistério! Vamos, diga. – e sorri, não agüentava mais de ansiedade.
- Estou apaixonado, Marina. – e os olhos dele brilharam, e os meus também.