13 de jan. de 2011

Mais que Amigos - Cap IX


Passou quarta, passou quinta. Hoje já era sexta e eu não sabia o que fazer pra desmascarar a Camila. O Davi precisava acreditar em mim, mas como se ele estava cego de amor pela vadia. Aquilo doía mais que tudo, não só contente em perder o cara que eu gostava, eu tinha perdido o meu melhor amigo.
- O Davi é um idiota mesmo – dizia a Pillar.
- E pior é que ele me tratou super mal.
- Essa garota tá virando a cabeça dele, pior é que eu contei pra ele também o que ela fez aquele dia, mas ele não acreditou, e agora não tá falando comigo também.
- Ele tá agindo como um babaca, Pillar.
- Precisamos desmascarar ela, mas como?

- Como? – perguntei.
- Eu não sei. Vamos dar um tempo, uma hora ela vai se revelar, e aí a gente ataca.
- A gente ataca? – eu ri, só a Pillar mesmo pra me fazer rir.
- É, atacamos – ela olhou como se tivesse feito o plano mais maléfico do mundo – vem, vamos comprar uma empadinha.
- Vamos – Pillar e as empadinhas, eu ri – e aí, seu encontro com o Carlinhos é amanhã né? Tá ansiosa?
- Muito, quer passar lá me casa amanhã pra me ajudar a escolher uma roupa?
- Hum, amanhã é sábado né? Não vai dar, eu vou pra uma fazenda com meus pais. Vou aproveitar pra chorar minhas mágoas com as vaquinhas – eu tentei fazer uma piada.
- Tá bem, de noite eu ligo te contando tudo, ok.
- Ok, vou querer saber de tudo!

- MARINAAAAAAAA!
- Hã?! - eu ainda estava zonza.
- JÁ ACORDOU? ANDA LOGO!  - ela continuou berrando.
- JÁ! – não agüentava aquela mania insuportável da minha mãe de me acordar aos berros, estresso fácil assim. Não há ser humano que acorde de bom humor com o gritos da mãe.
Era melhor eu levantar e me arrumar antes que ela voltasse a me berrar. Eu não estava com muita inspiração pra me arrumar hoje. Estava meio frio, então na fazenda deveria estar muito mais. Achei melhor vestir uma blusa de mangas compridas simples e uma calça jeans, um all star azul básico. Na verdade, eu queria ficar em casa, lendo, no meu quarto, sozinha, sem ninguém me perguntando “E aí, já arrumou um namorado?” Isso só ia fazer parecer que o Davi estava certo, eu era uma encalhada. Dei um suspiro de resignação, eu tinha perdido o Davi. Ao mesmo tempo uma lágrima escorreu dos olhos até o queixo, eu não podia desistir dele, eu não podia desistir de ter o cara que eu amava do meu lado e ser feliz com ele. Mas o que eu poderia fazer? Dar tempo. Isso era a resposta pra tudo. E eu odiava essa resposta, sempre fui muito ansiosa, pra tudo, pra resolver tudo! Dar tempo ao tempo era a coisa mais difícil que eu poderia fazer.
- Está pronta? – minha mãe pôs só a cara no vão da porta.
- MÃE?! Poxa, quantas vezes tenho que pedir pra bater antes? – eu disse aborrecida.
- Ai Marina, você e suas manias, esqueceu que eu limpei o seu bumbum, o que você quer esconder?
- ECÁ mãe! Saí daqui, você e essas suas lembranças constrangedoras – e atirei uma almofada na porta.
- Ok. Fui, mas anda logo – então ela fechou a porta. Nem sofrer mais em paz eu podia.

- Lugar bonito – eu disse pro meu pai.
- Eu sabia que você ia gostar, quando os amigos do seu pai nos chamaram pra passar o final de semana aqui achei perfeito! – disse a minha mãe se metendo no assunto.
- É, o Santelli foi muito simpático em nos convidar, por favor querida, seja gentil – ele disse pra mim, com uma cara de suplicação.
- Mas eu sempre sou gentil – sorri inocentemente pra ele.
- Eu conheço o seu mau humor querida, por favor, poupe-nos dele hoje.
- Ok pai! – se meu pai estava me pedindo isso, é porque eu mau humor já devia estar passando dos limites, talvez fosse hora de eu parar e agradá-los um pouco, afinal, apesar de tudo eles eram bons pais.
- Um balanço! – e saí correndo.
Eu adorava balanços, desde pequena, era emocionante, parecia que eu ía sair voando. Hoje em dia não causava mais essa impressão, mas era bom de qualquer forma. O balanço ficava perto de um riacho e mais pra cima dava pra ver uma cachoeira, uma vista muito bonita. Eu poderia sentar ali e ler o meu livro em paz, aquele barulho era tão agradável, da água na pedra. Se não estivesse tão frio, um banho de cachoeira ía ser bom. Serviria como um banho de chuva, pra lavar a alma e me fazer pensar numa solução.
- AAAAAAAAAAAAAA!
- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! – eu senti umas mãos nas minhas axilas. Logo eu pulei do balanço e ouvi uma gargalhada.
- KKKKKKKKKKKKKKKKK você assusta tão fácil, que bobinha KKKKKKKKKKKKKKKKK – disse isso e saiu correndo.
- AH MATHEUS! EU VOU TE MATAR! – sai correndo atrás dele, e ele ria cada vez mais alto.
Corri morro acima, na direção que ele estava indo, mas ele começou a ir pro meio da mata, então eu parei.
- Tá com medinho tá? – ele me provocou – além de bobinha é medrosa também – e gargalhou.
- IDIOTA, IMBECIL, SEU MANÉ! Você me paga quando eu te pegar! – eu estava quase alcançando ele.
- OPA! ME PEGA? – ele parou de repente, eu quase dei uma topada nele, mas consegui frear – pega mesmo? – estávamos perto, me olhou com ar de provocação. Eu podia sentir a minha respiração ofegante de tanto correr, e a dele também, mais ao fundo o som da cachoeira.
- Não seja idiota, você entendeu – eu dei um tapa no ombro dele.
Ele me puxou pela cintura e chegou o rosto mais perto do meu. Eu tentei me livrar, mas ele era quase um armário de pessoa, não dava pra lutar muito contra aqueles músculos. Olhei em seguida pro rosto dele, o queixo largo, a boca carnuda e vermelha, os olhos claros combinavam perfeitamente com as sobrancelhas grossas. Meus olhos encontraram com o dele, então ele sorriu, encantadoramente. Dentes perfeitos pra uma boca mais perfeita ainda. Ele era realmente muito bonito, mas era um babaca. Por que ele não podia ser um cara legal? Por que eu só conheço babacas?
- Eu não sou o idiota que você pensa que eu sou Marina – ele disse ainda colado em mim – eu queria que você me conhecesse mais, pra tirar essa impressão ruim que tem de mim.
- Tirar a impressão ruim que eu tenho de você? Nem se você nascesse de novo querido!
- Querido? É, estamos evoluindo – ele se aproximou, senti que ía me beijar. Pensei e agora, será que eu se o Davi souber que eu beijei ele, vai ficar mais bravo ainda comigo? Por que raios eu estou pensando no Davi ainda!? Ele é outro idiota. E se isso ía irritar o Davi, me parecia uma boa idéia. Então aproximei meu rosto do dele, e nossas bocas ficaram bem próximas.
- Qual apelido eu darei pra você, vejamos Docinho? Não! Você é muito azeda pra ser chamada de Docinho. Já sei! Azedinha! – ele disse e sorriu.
- O quê?! – me afastei na hora dele. Pude sentir meu rosto queimando de raiva. Azeda? Quem ele pensa que é pra me chamar de AZEDA!
- Isso mesmo, Azedinha, perfeito pra você!
- Você é realmente o babaca que eu penso que você é! – eu disse muito irritada e saí em direção ao balanço.
Ele riu enquanto me olhava descer o morro. E depois correu na minha direção e me pegou no colo.
- Você tá muito esquentadinha pro meu gosto. Tá na hora de esfriar essa cuca quente menina! – e continuou correndo comigo nos braços pra fora da mata até chegar numa pedra. Olhei pra frente, tinha a cachoeira, olhei pra baixo da pedra, era o rio que se formava da cachoeira.
- NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAO! – só deu tempo de gritar isso, e eu já estava debaixo d’água. Maldito!

12 de jan. de 2011

Mais que Amigos - cap VIII


Depois que o Matheus foi embora da minha casa – eu não fazia idéia de como ele sabia o meu endereço – achei melhor ir dormir e evitar as perguntas da minha mãe sobre ele.
No outro dia eu acordei cedo, não agüentava mais esperar pra ver o Davi e saber como ele estava. Então fui sozinha pro colégio mesmo, nem quis a carona do meu pai.
- Ué, o que aconteceu pra você chegar tão cedo? – Pillar me perguntou.
- Eu quero ver como está o Davi, estou preocupada – respondi.

- Você não falou com ele no MSN ontem?
- Ele estava on ontem? – eu perguntei.
- Estava, eu falei com ele.
- O que ele disse?
- Que estava com um olho roxo, e torceu o braço e estava usando uma faixa de imobilização. Também contou que eles foram suspensos por 1 semana. Que o pai dele cortou a mesada dele nesse mês.
- Ai Pillar! Tadinho, e agora? Eu preciso falar com ele.
- Liga pra ele quando você chegar em casa, ai vocês vão poder conversar com calma – ela sugeriu.
- Ah, nem te contei. O Matheus apareceu lá em casa ontem, nem sei como ele sabia meu endereço.
- Acho que eu sei. Sabe o Carlinhos?
- O ruivo sardento que fica tomando conta das garrafinhas de água?
- É, mas não fala dele assim, tadinho, ele é um amor de pessoa – ela defendeu ele.
- O que tem ele?
- Ele me perguntou o seu endereço ontem no MSN, eu dei. O Matheus deve ter pedido pra ele perguntar, ou algo assim.
- E você deu o meu endereço pro Carlinhos! – eu briguei com ela.
- Ah Marina! Ele é tão fofo, como eu ia saber que era pra isso? – ela se defendeu com um olhar de apaixonada.
- Tá bem Pillar, confessa que você ta afim dele. Vou te dar um desconto só por causa disso.
- Ele me chamou pra sair no sábado. Perguntou se eu queria ir no cinema! – ela estava tão feliz, não podia brigar com ela.
- Hum, romance a vista! Tá namorando! Tá namorando! – eu brinquei.
- Não – ela riu – ainda não! Mas me diz, o que ele foi fazer na sua casa?
- Me perturbar né, o que mais poderia ser!? – eu disse.
- Te perturbar? – ela pereceu confusa.
- É, ele ainda me deu um beijo no rosto, perto da boca! – eu disse irritada.
- Ousado ele – ela riu.
- Nem me fale. Não sei porque ele cismou comigo agora.
- Gamou amiga! Ele gamou.
- Argh! – eu resmunguei.

As aulas foram torturantes hoje! Óptica, Anfíbios, Pronomes. Ai parecia que não ia acabar nunca! Eu não via utilidade nenhuma em aprender essas coisas, e mesmo que fosse útil, hoje eu não conseguiria prestar atenção em nada. Estava louca pra chegar em casa e ligar pro Davi.
- Davi?
- Sim.
- É a Marina.
- Eu sei que é você, eu tenho o seu número na agenda do meu celular – ele parecia sem paciência.
- Tá bravo comigo?
- Por que eu estaria bravo com você? – senti um certo sarcasmo na voz dele.
- Não sei, você tá sendo meio estúpido comigo.
- É Marina, eu estou bravo com você sim.
- Por causa do Matheus?
- Também.
-Também? – por qual outro motivo ele estaria bravo comigo?
- É, a Camila me contou. Achei muito feio o que você fez.
- Do que você está falando?
- Ah Marina! Não banca a inocente. A Camila já me disse que você não quis vir me ver. Poxa, eu briguei por sua causa, porque o Matheus é um babaca. O mínimo que eu esperava de você é que viesse me ver.
- Davi! Não, ela tá mentindo! Eu quis ir. Mas ela foi lá e disse que não era pra eu te procurar, que eu era problema pra sua vida! ELA AMEAÇOU ME BATER SE EU FOSSE TE PROCURAR.
- Ah Marina! Não acredito que você vai começar a mentir pra mim, eu sou o seu melhor amigo desde sempre. Eu não quero mais falar com você.
- Não Davi! Espera. Ela tá mentindo. Você me conhece desde criança, porque eu mentiria agora pra você?
- Não sei Marina, você tá muito estranha desde que eu comecei a namorar com a Camila. Eu acho que você tá com inveja, porque eu estou namorando e você está aí encalhada.
- Eu tô com o quê?! Inveja, encalhada? Você bebeu água da privada hoje! – eu falei brava.
- É isso mesmo, não vejo outra explicação. Eu não quero mais ver você. Não gosto de amigas que mentem pra mim – e desligou na minha cara.
- Idiota, não vê que a outra explicação é a de que eu gosto de você – eu disse, mas ele já tinha desligado. Senti um vazio enorme, um dor no peito, parecia que tinham arrancado algum pedaço de mim. E arrancaram mesmo, arrancaram o meu melhor amigo, e quem tinha feito isso tinha um nome: Camila. Mas isso não ia ficar assim.

(continua aqui)
7 de jan. de 2011

Mais que Amigos - cap VII


-Oi, o que você quer aqui Matheus?
-Que isso gatinha, por que você ta sempre me tratando mal? – ele parecia aborrecido.
-Matheus, qual é a sua? Você nunca falou comigo, e de repente você ta brigando por minha causa – eu precisava resolver isso.
-Sei lá, porque eu nunca tive a oportunidade de falar com você antes. Você tava sempre do lado do Davi, achei que vocês tinham algo. Até ele aparecer com a Camila e eu te ver chorando no vestiário.
-Uma coisa não tem nada a ver com a outra Matheus – eu disse tentando “dixavar”
-Quem você quer enganar Marina? – ele riu.
-Não estou tentando enganar ninguém. Por que você provocou o Davi?
-Ele é um babaca, ele sempre teve você do lado dele, e foi namorar a vadia da Camila.
-A vadia da Camila?
-É, todo mundo sabe que a Camila já saiu com todo mundo do time, e dormiu com pelo menos a metade.
-Matheus, vai ver ele gosta dela.
-É, ele é um otário, mas eu não. Eu vejo como você é especial.
-Ah, vê como eu sou especial – eu ri – você tá de sacanagem com a minha cara?
-Não, eu tô falando sério. Tô cansado dessas meninas fúteis que ficam correndo atrás da gente lá na quadra.
-Ah ta, e você acha que eu vou acreditar? Vai embora Matheus, eu não quero problemas com o Davi.
-Davi? Você ainda ta pensando nele? Acorda Marina! Ele tá com outra e você devia fazer o mesmo.
-Vai embora Matheus! Não quero mais falar com você – eu gritei.
-Tá, eu vou. Mas você ainda vai mudar de idéia gatinha – ele me deu um beijo no rosto e foi embora. Ecá.

(continua aqui)
6 de jan. de 2011

Mais que Amigos - cap VI

Depois que o inspetor separou a briga, eu só vi que o Davi estava bem machucado. Eu teria ido falar com ele, mas a namoradinha dele grudou no pescoço dele, nem tive chance.
-Que isso hein?! – era a Pillar, com uma cara de assustada
-Caraca! Como isso foi acontecer? Eu preciso falar com o Matheus.
-É mas uma hora dessa ele ta na diretoria se explicando pra coordenadora a briga, você, ele deu uma surra no Davi.

-É, eu vi, mas a Camila já está lá do lado dele.
-Acho melhor você ir lá falar com ele, afinal ele estava brigando por sua causa. Ele só queria te proteger.
-É, mas agora ele também está na diretoria. Não vai ter jeito, talvez eu passe na casa dele mais tarde. Mas o Matheus também, porque foi provocar ele?
-Meninos amiga, meninos! Vai entender – Ela fez um cara de confusa e me carregou pra sala. Agora mesmo que eu não vou prestar atenção em nada que os professores disserem.
Algumas horas depois:
-Vou passar na casa do Davi, quer ir comigo? – perguntei à Pillar.
-Hum, não sei, você precisa de apoio?
-É, acho que sim. Sei lá. Se não quiser ir, não tem problema.
-Não, tudo bem eu posso sim, vamos – e sorriu tentando meu animar. Impossível.
-Onde vocês pensam que vão? – era a Camila, e ela parecia bem nervosa.
-O que? – a Pillar desafiou ela.
-Cala a boca gorda! Não estou falando com você. Eu quero saber onde essa ai – e apontou pra mim – vai. Escuta aqui, se você pensa que vai na casa do meu namorado, pode tirar o cavalinho da chuva.
-Qual é a tua garota? – eu estava muito irritada, e ela tava pedindo uns “sopapos”.
-Qual é a minha? Vou te dizer qual é a minha – e apontou o dedo pra mim.
-Abaixa esse dedo! – eu olhei brava, mas parece que não a intimidei, porque ela continuou com o dedo apontado.
-Escuta aqui, eu quero você longe do meu namorado. Você é problema pra vida dele. Ele não tinha nada que ter brigado por sua causa. Agora ele ta lá todo arrebentado no hospital por sua culpa. Fica esperta garota, porque se não a próxima que vai ficar toda arrebentada é você! – e foi embora.
-Ei! – eu tentei avançar pra cima dela, mas a Pillar me segurou.
-Calma amiga, se você brigar com ela, só vai piorar as coisas, o Davi vai ficar bravo com você se isso acontecer.
-Como assim, não posso deixar ela vir aqui, apontar o dedo, dizer o que bem entende e ir embora assim – eu estava muito revoltada.
-Calma Marina, a gente sabe que ela não vale nada, só precisamos mostrar esse lado ruim dela por Davi.

(continua)
2 de jan. de 2011

Mais que Amigos - Cap V


-Você tem titica na cabeça? Comeu “bosta” no café da manhã? – a Pillar parecia brava comigo.
-O que? Por que você ta falando assim comigo? – eu não estava entendo ela.
-Você só pode ter algum problema mental. O cara mais bonito da escola falou com você e a única coisa que você faz é dar patada nele? Alow! Era o Matheus Santelli! O pivô do time de futsal do colégio, moreno, alto, cabelo espetadinho e preto. Acorda! 11 entre 10 garotas querem ficar com ele – ela estava praticamente babando em cima das empadas enquanto falava dele.
-Então eu sou a décima segunda garota, porque eu não quero ficar com ele – alow, acorda, era ela quem tinha algum problema mental, tinha esquecido que eu gostava do Davi?
-Ah, corta essa. O cara mais bonito da escola fala com você, nem pra você bater um papinho com ele. Mesmo que fosse só pra mostrar pro Davi que você não ta nem aí pra ele.
-Hum, mostrar pro Davi? – essa me pareceu uma boa idéia. Não queria que ele soubesse que eu estava triste
-Ih, muda de assunto que ele tá vindo ai... nossa mas essa empada ta muito boa, pega uma – e enfiou uma empada na minha mão.
-Ei meninas – era o Davi - eu vi o Matheus falando com você, Marina, o que ele queria? Te pedir pra deixar ele furar fila? – ele tava me zuando.
-O quê? – era só o que me faltava.
-Sei lá! Pedindo seu telefone que não era? – ele estava sendo sarcástico.
-Como assim? Porque você acha que ele não estava pedindo meu telefone?
-Ah, corta essa Marina. Você não faz o tipo do Matheus.
-Não faço o que? Como assim eu não faço o tipo dele? Você acha que eu não sou bonita o bastante pra ele querer meu telefone?
- Não é isso. Você é bonita, mas ele gosta de garotas mais “experientes” se é que você me entende.
-O que? Não me interessa de que tipo ela gosta. Interessa que ele me chamou pra sair. Pronto, falei, tá satisfeito? – e saí, ele já tinha me irritado muito. Voltei pra sala e a Pillar veio atrás com as empadinhas.
-Legal, ele ficou bem bravo quando você disse que o Matheus te chamou pra sair – disse ela.
-É, e agora? Eles são do mesmo time, quando o Davi descobrir a verdade, ai que mico.
-Calma, agora a gente tem que dar um jeito do Matheus te chamar pra sair – e logo depois ela fez uma cara de quem tava resolvendo uma questão insolúvel de física.
-Jura? Me diz como? O Davi tava certo, eu não sou o tipo do Matheus. Eu nem sei porque ele tava falando comigo – eu tinha me metido em um problema.
-BRIGA! BRIGA!BRIGA! – os gritos vinham do pátio. Nós corremos pra ver o que estava acontecendo.
O Davi estava brigando com o Matheus e todo mundo em volta incentivando a baixaria.
-É melhor você ficar longe dela! – gritou o Davi.
-Porque isso te deixa tão irritado? É talvez eu saia com ela sim, e daí? Você não tem nada a ver com isso – gritou o Matheus dessa vez.
-Estou te avisando pra ficar longe dela, ou eu vou...
-Vai o que Davi? Vai me bater? – e soltou uma gargalhada – Então acho que você pode me bater, porque eu não vou sair do lado dela – ele veio na minha direção e me segurou pela cintura. No mesmo instante o Davi voou pra cima dele, e os chutes, pontapés começaram. Oh meu Deus! O garoto que eu gosto e o cara mais bonito do colégio estavam brigando por minha causa?! Uau!

1 de jan. de 2011

Mais que Amigos - Cap IV


-Eu estava procurando por você, o Davi me contou....
-Eu não quero falar disso, Pillar – eu a interrompi.
-Ok, guardei um lugar pra você lá trás. Acho que hoje você vai querer ficar desenhando em vez de resolver logaritmos – Pillar era a melhor amiga do mundo, mais compreensiva que ela impossível.
-É, adivinhou – eu disse com um sorriso no canto da boca em forma de agradecimento e alívio.

Horas depois, finalmente o sinal tocou.
-Vamos comigo comprar um empada? – perguntou a Pillar. Nunca conheci ninguém que gostasse tanto de empadinha como a Pillar, ela conhecia acho que todos os sabores, até de pêra ela já tinha comido.
-Claro, vamos dar uma volta.
-Acho que hoje vou comer uma de quatro queijos.... – e ela saiu toda feliz com os planos dela.
-Oi – eu já tinha escutado essa voz hoje de manhã, me virei só pra confirmar.
-Oi Matheus – disse num tom meio entediado, afinal o que ele queria comigo?
-E aí, tá melhor? – ele disse.
-Olha, eu agradeceria muito se você não contasse pra ninguém o que você viu hoje, ok? – eu estava sendo meio grossa, mas eu estava totalmente sem paciência pra meninos hoje.
-Fica tranquila, não contei pra ninguém e nem vou contar – ele estava com um sorriso que mais me lembrava o Curinga do Batman, e isso tava me assustando.
-Ótimo.
-Mas então, você não me disse se está melhor – ele ainda estava insistindo, qual o problema desse garoto? O “desconfiometro” dele não tava ligado hoje?Alow! Eu não estou afim de papo hoje.
-Estou, não está vendo? – e sorri sarcasticamente.
-Pra mim só parece que você está “dixavando”, acho que no fundo você ainda está triste.
-Qual o seu problema garoto? – eu já tava ficando irritada com ele.
-Meu? Nenhum, eu só queria te ajudar.
-Não preciso da sua ajuda. Sei me virar sozinha! Agora “vaza”!
-Marina – era a Pillar com 3 empadinhas – Liga não Matheus, a Marina está tendo um dia ruim, melhor deixar ela quieta.
-Eu só queria ajudar, mas pelo visto ela não quer a minha ajuda, tchau pra vocês – ele disse isso e foi embora.

(continua)